segunda-feira, 10 de março de 2014

EDUCAÇÃO DAS PESSOAS COM SURDEZ - AEE
                                                                                Neusilene da Silva Rezende Barbosa


As bases políticas e epistemológicas da educação escolar das pessoas com surdez, por aproximadamente dois séculos, foram pautadas em concepções gestualistas e oralistas, travando um embate focado excessivamente na importancia da lingua, colocando esta, como sendo a responsável pelo fracasso ou sucesso escolar das pessoas com surdez. Enquanto isso, estas pessoas não tiveram o seu potencial desenvolvido, ficaram à margem das relações sociais das quais faziam parte, excluídas.
A nova política de educação no Brasil vem se voltando para as pessoas com deficiências, incluindo-se as Pessoas com Surdez. Segundo Damázio (2009), “muitas questões e desafios ainda necessitam serem discutidos para que as práticas de ensino e aprendizagem na escola comum pública e privada apresentem caminhos consistentes e produtivos para a educação das pessoas com surdez”.

Segundo DAMÁZIO e FERREIRA (2010):
O problema da educação das pessoas com surdez não pode continuar sendo centrado nessa ou naquela língua, como ficou até agora, mas deve levar-nos a compreender que o foco do fracasso escolar não está só nessa questão, mas também na qualidade e na eficiência das práticas pedagógicas (p. 3)”.

Portanto, é preciso que as Práticas Pedagógicas propiciem ambientes estimuladores, que desafiem o pensamento, que levem a uma reflexão e exercitem a capacidade perceptivo-cognitiva. Fazendo-se necessário romper com o paradigma da dicotomização entre oralistas e gestualistas, a tendência bilíngüe se torna um diferencial que liberta as Pessoas com Surdez de sua clausura, sob a ótica multicultural. Para que esta ressignificação ocorra, como propõe o AEE, a PS deve ser vista como usuária de um sistema linguístico com características e status próprios, no qual cognitivamente se organiza e estrutura o pensamento e a linguagem nos processos de mediação simbólica, na relação da linguagem/pensamento/realidade e práxis social.
O Atendimento Educacional Especializado (AEE) para PS adota a abordagem bilíngüe, de acordo com preceitos legais, no qual a Libras e a Língua Portuguesa, são línguas de instrução e comunicação e tem como função organizar o trabalho complementar para a classe comum, com vistas à autonomia e à independência social, afetiva, cognitiva e lingüística da pessoa com surdez na escola e fora dela. Temos o AEE em três momentos didáticos pedagógicos: AEE em Libras, AEE para o Ensino de Língua Portuguesa, AEE para o Ensino de Libras.
Podemos perceber, portanto, que a educação da Pessoa com Surdez numa visão global, vem preparar o indivíduo para a vida em sociedade, prepará-lo para compreender a si mesmo e ao mundo ao seu redor, auxiliando-o a superar as barreiras impostas pela surdez e indo além, rompendo com suas amarras, buscando uma sociedade mais humana, mais sensível àqueles que fogem do padrão considerado “normal”, pessoas que muitas vezes são rotuladas como incapazes, dependentes, mas que na verdade necessitam apenas de um pouco mais de tempo, dedicação, atenção, práticas diversificadas e de uma equipe multiprofissional.


Bibliografia:

Coletânea UFC-MEC/2010: A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar. Fascículo 05: Educação Escolar de Pessoas com Surdez - Atendimento Educacional Especializado em Construção, p. 46-57.

DAMÁZIO, M. F. M.; FERREIRA, J. Educação Escolar de Pessoas com Surdez-Atendimento Educacional Especializado em Construção. Revista Inclusão: Brasília: MEC, V.5, 2010. p.46-57.