quarta-feira, 16 de abril de 2014

SURODOCEGUEIRA E DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA

A surdocegueira, segundo Lagati (1995, p.306), é uma condição que apresenta outras dificuldades além daquelas causadas pela cegueira e pela surdez. Vamos compreender um pouco sobre a grafia da palavra, o termo hifenizado indica uma condição que somaria as dificuldades da surdez e da cegueira. A palavra sem hífen indicaria uma diferença, uma condição única e o impacto da perda dupla é multiplicativo e não aditivo.
Para McInnes (1999), o princípio básico é que a surdocegueira é uma condição única e requer uma abordagem específica para favorecer a pessoa com surdocegueira e um sistema para dar este suporte. O referido autor subdivide as pessoas com surdocegueira em quatro categorias:
  • Indivíduos que eram cegos e se tornaram surdos;
  • Indivíduos que eram surdos e se tornaram cegos;
  • Indivíduos que se tornaram surdocegos;
  • Indivíduos que nasceram ou adquiriram surdocegueira precocemente, ou seja, não tiveram a oportunidade de desenvolver linguagem, habilidades comunicativas ou cognitivas nem base conceitual sobre a qual possam construir uma compreensão de mundo.
Ainda segundo McInnes (1999), muitos indivíduos com surdocegueira congênita ou que a adquiriram precocemente têm deficiências associadas como: físicas e intelectuais. Estas quatro categorias podem ser agrupadas em Surdoscegos Congênitos ou Surdocegos Adquiridos. E dependendo da idade em que a surdocegueira se estabeleceu pode-se classificá-la em Surdocegos Pré-linguísticos ou Surdocegos Pós-linguísticos.
As pessoas surdocegas necessitam de formas específicas de comunicação para terem acesso a educação, lazer, trabalho e vida social. Elas demonstram dificuldades em observar, compreender e imitar o comportamento das pessoas que estão mais próximas ou de outros que venha entrar em contato, devido à combinação das perdas visuais e auditivas que apresentam.
Pessoas com Deficiências Múltiplas são aquelas que “têm mais de uma deficiência associada. É uma condição heterogênea que identifica diferentes grupos de pessoas, revelando associações diversas de deficiências que afetam, mais ou menos intensamente, o funcionamento individual e o relacionamento social” (MEC/SEESP, 2002).
Os alunos com Deficiências Múltiplas, são alunos com necessidades únicas. Talvez sejam um dos maiores desafios às escolas e aos profissionais que os atendem, pois, se faz necessário elaborarem situações de aprendizagem, onde sejam alcançados resultados satisfatórios durante o processo de inclusão. Portanto, os professores devem dar atenção a dois aspectos importantes: a comunicação e o posicionamento.
As necessidades básicas de uma pessoa que apresenta DMU, diz respeito as necessidades físicas e médicas, necessidades emocionais, educativas, sensoriais e de comportamento social.
É de extrema importância favorecer o desenvolvimento do esquema corporal da pessoa com surdocegueira ou com deficiência múltipla, pois, é a partir do corpo e por meio dele, que o ser humano descobre o mundo e a si mesmo. Em seguida, é preciso estabelecer formas de comunicação, para que haja uma interação com o meio ambiente.

ESTRATÉGIAS PARA AQUISIÇÃO DA COMUNICAÇÃO

Toda e qualquer forma de comunicação deve respeitar a individualidade de cada educando. O mediador deverá oferecer o conhecimento proporcionando autonomia e independência na vida diária desse aluno. Pode-se utilizar algumas estratégias como: pranchas de comunicação, símbolos, sinalizações, etc. Entretanto, devemos estar atentos ao comportamento e manifestações que ocorrem por parte dos alunos para assim melhor atender suas necessidades, ampliar o conhecimento e autonomia nas atividades propostas.

  • Comunicação em pessoa surdo cega – Normalmente é utilizado o método TADOMA que é um método de comunicação utilizado pelos indivíduos surdocegos, em que a pessoa surdocega coloca o polegar na boca do falante e os dedos ao longo do queixo. Os meios de três dedos muitas vezes caem ao longo das bochechas do falante com o dedo mindinho pega as vibrações da garganta do falante.

  • Comunicação com pessoas com DMU – Muitas vezes a comunicação em pessoas com DMU ocorre através da comunicação alternativa por meio de pranchas. A comunicação alternativa destina-se a pessoas sem fala ou sem escrita funcional ou com defasagem entre sua necessidade comunicativa e sua habilidade de falar ou escrever.

Referências
BOSCO, Ismênia C. M. G.; MESQUITA, Sandra Regina S. Higino; MAIA. Shirley R. Coletânea UFC – MEC/2010: A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar – Fascículo 05: Surdocegueira e Deficiência Múltipla.


Folheto FACT3 – COMMUNICATION / Primavera 2005 – Lousiana Department of Education 1.877.453.2721 State Board of Elementary and Secondary Education.Tradução: Vula Maria Ikonomidis. Revisão: Shirley Rodrigues Maia, Junho de 2008.